A paisagem muda. Estamos na província de Chubut, mais árida, mais desértica. A cor das montanhas passou de várias tonalidades de verde para se converter em planícies amareladas e infinitas.
07h da manhã - Chegada a Comodoro Rivadavia, a cidade do petróleo.
Um nascer-do-sol impressionante espera-nos no novo destino. Na verdade mais do que um destino, é uma escala. Com a luz do amanhacer, desvaneceria também a impactante magia daquele momento e esperava-me uma cidade feia, suja, industrial e pouco simpática.
Despeço-me do Pol. Na verdade é um "até já". Tenho a certeza que nos encontraremos noutra parte qualquer do planeta, como viajantes errantes que sorriem às coindências e aos encontros inesperados em lugares imprevisíveis. Há 10 dias que viajamos juntos.
Foi muito bom ter partilhado este início da minha viagem com ele. A convivência com o Pol é fácil, fluída e fraternal. E agora, também de forma fraternal divide comigo o seu Guia Lonely Planet Argentina.
Escapo o mais rapidamente que posso da cidade que cheira a petróleo e vou em direcção a Rada Tilly, visitar uma reserva de lobos marinhos.
Infelizmente a falta de bateria da máquina boicotou as expectativas de "roubar a alma" às centenas de lobos marinhos aqui estacionados.
Cada vez são mais os lobos que vem para este lugar em busca de alimento. O guia explica-me que é precisamente por isso que em mais ou menos 10 anos, a quantidade de lobos marinhos aumentou de 470 para 1700.
Estamos na Punta del Marqués - uma reserva de lobos marinhos.
Explica-me montes de coisas sobre os lobos, sobre o ciclo de reproduçao, hábitos e alimentação.
Explica-me que esta não é uma zona de reprodução, e que nessas zonas entre dezembro e janeiro, se pode ver uma grande concentração de lobos.
Explica-me montes de coisas sobre os lobos, sobre o ciclo de reproduçao, hábitos e alimentação.
Explica-me que esta não é uma zona de reprodução, e que nessas zonas entre dezembro e janeiro, se pode ver uma grande concentração de lobos.
Quem chega primeiro à chamada zona de reprodução são os machos. Digamos que têm entre eles uma "pequena conversa" para ver quem fica com os melhores sítios (e por conseguinte com mais fêmeas). Quem diz "conversa", diz luta e das feias, de tal forma que é muito comum estarem todos cheios de feridas,com muitas mazelas e sem dentes.
Então chegam as fêmeas. Se os machos tem tendência em ir para longe do sítio onde nasceram, já as fêmeas tendem a regressar, para parir no sítio onde nasceram.
Durante este processo, os machos estao muitíssimo atentos para não perder as suas fêmeas, o seu harém de vista, porque à mínima distraçao, zás... vem outro macho e rapta a donzela!
Durante este processo, os machos estao muitíssimo atentos para não perder as suas fêmeas, o seu harém de vista, porque à mínima distraçao, zás... vem outro macho e rapta a donzela!
O periódo de gestação das crias é de 9 meses. Quatro dias depois de terem parido, as lobas marinhas já estão fertéis outra vez.
Daí o atenção dos machos... Um dos maiores perigos são os lobos jovens que, ainda não conseguiram ganhar o seu espaço, mas andam com as hormonas em alta.
Estou impressionadissima com a espécie!!!
O guia conta-me que uma vez, um grupo de 300 lobos jovens juntaram-se e invadiram um dos ilhéus onde estavam machos, femêas e crias. Foi uma autêntica carnificina...mataram lobos, dizimaram as crias, raptaram fêmeas...( a que será que isto me lembra?.... a chegada dos Europeus às Américas?...)
Depois fala-me dos pinguins, dos elefantes marinhos.
Eu que sou uma leiga nestas coisas de ciências naturais e bio-diversidade faço muitas perguntas.
Eram apenas 5 kilométros da reserva até Rada Tilly e pensei que ir a pé constituiria um lindo passeio.
Eram apenas 5 kilométros da reserva até Rada Tilly e pensei que ir a pé constituiria um lindo passeio.
Não fossem seres simpáticos e misericordiosos como a Miriam e o Carlos a salvarem a
patanisca do pó e vento patagónico, ainda hoje estaria por ali.
À minha frente, um oceano familiar convida-se e apela a um mergulho.
O Atlântico! Aceno-vos deste outro lado.
Quando saí do mar não sabia se estava num deserto, se dentro de uma máquina secadora-centrifugadora.
Horas depois, sentada no bus, com o corpo e o cabelo cheio de pó, sal e areia, compreendi que a banhoca não tinha sido tão boa ideia como isso!!
Terra do Fogo, cá vamos nós!!!
3 comentários:
PORRA QUE POR DO SOL!
GLORIa!
josé á.
Zeca: é o que dá veres só as imagens e nao leres os textos...é um nascer do sol, carago!!!
bjocas grandes.. gosto de te ouvir!
perdon, é que confundo muito uma coisa com a outra.... e li o texto :)
z.
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