quinta-feira, 20 de março de 2008

Petrouhé, Petrouhé.. Osorno à vista!



Puerto Varas está longe de ser a cidadezinha de pescadores que nos falaram. Das duas uma: ou os pescadores de Puerto Varas enriqueceram muitíssimo e agora todos têm casas de luxo ou trata-se de uma estância veraneante onde a burguesia Santiaguina vem passar férias. E eu fico-me mais pela segunda hipotése.

Por essa razão decidimos escapulir-nos para outro lugar mais afastado da turba turística.

A caminho da Petrouhé, a paisagem e o número de casas por metro quadrado começa a alterar-se profundamente.
E ao entrar na baía de Petrouhé, recordo os versos desse grande cançonetista lusitano:

"Petrouhé, Petrouhé... Osorno à vista
Sou contrabandista de amor e saudade
E trago no peito a minha cidade...


Para além de tudo, Petrouhé está sob os domínios de um gigante, um gigante de fogo agora extinto: aqui repusa o vulcão Osorno.
Está muito sol, os caminhos não estão bem assinalados e os mapas não são grande espingarda, por isso perder-se ou enganar-se no trilho é algo muito comum. E... perdemo-nos, claro! E a caminhada de duas horas demorou seis. Quase que poderiámos estar dentro de um episódio do "Lost".





Se o seu fogo está extinto, já o mesmo não se poderá dizer da sua imensa beleza e encanto.
E começamos a subir para os seus braços...

A sensação de subir um vulcão é.... é de díficil descrição!
Ficámos enfeitiçadas, presas na teia do poderoso Osorno. Sem conseguir encontrar o caminho e sem conseguir sair daqui.



Rendidas e sem qualquer hipotése de fuga, fingimos perder o último micro para Puerto Varas, (onde, aliás tinham ficado todas as nossas coisas), ligamos para o hostel para fazer o choradinho das desgraças perdidas que não conseguiriam regressar hoje, e fizemos figas para conseguir um "poiso" para pernoitar.
Ficámos na casa de um dos guarda-parques, onde nos alugaram um quarto. O quarto em que ficámos era da sua filha e tinha nas paredes um poster do Papa e outro de um golfinho.
Procurei a relacção entre aquelas duas criaturas, uma em frente da outra, mas adormeci sem qualquer explicação plausível.

No dia seguinte acordar cedo e ir ver os Saltos de Petrouhé, cuja progenitora imaginei ser Iguaçu...


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