sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Um lugar especial



Não tenho a certeza se é o céu estrelado mais íncrivel que vi desde que estou na Argentina ou se é a magia deste lugar que contamina o céu, mas também não importa.

Estou na Casa del Viajero e o seu dono , Augustí, estava a minha espera no Terminal de Bus - o que só por si já era um muito bom presságio.

A verdade é que acabo de chegar e sinto que não é necessário mais tempo para perceber como este sítio é especial.
Talvez por esta razão, no inicío dos anos 70, várias comunidades hippies e pessoas que procuravam um mundo diferente daquele que conheciam, se tenham estabecido aqui.
Movidos por ideais de paz, amor, justiça e igualdade e com a ilusão de criar um mundo melhor vieram para esta terra.

Estamos en Él Bolson e tem este nome porque está no meio de um vale que tem a forma uma mala grande (bolsón, portanto) e é conhecido como um dos últimos bastioes hippies.
É mais do que isso.

Escrevo num computador pré-histórico que parece um modelo ligeiramente mais moderno que o Spectum. O Augusti diz que aqui, até o computador é orgânico.

Num ambiente familiar, descontraído e muito fluído ( não estivéssemos nós em El Bolsón), decorre o jantar, a noite e a madrugada, entre conversas, pastas italianas e cervejinhas...

Para além de tudo isto, o Albergue parece sofrer de síndrome de Babel.
Vejámos: uma inglesa, um filandês, um casal chileno, uma argentina, um búlgaro, um americano, duas alemãs, um italiano, uma eslóvénia e uma portuguesa (Eu!!).

E espírito comunitário de El Bolsón faz-se sentir de forma forte e inevitável no Albergue do Augustí.

Casinhas de madeira e hortas orgânicas, assim é a Casa del Viajero. Mostra-me o quarto onde vou ficar. Apaixono-me.
O quarto é uma espécie de águas-furtadas de madeira onde algumas cortinas separam as várias camas. Muito acolhedor.
O Augustí chama-lhe a Casa de las Chicas.
Deito-me na minha cama que tem lençóis com luas e soís, espreito pela pequena janela, ouço o riacho a correr lá em baixo, fecho os olhos, sorrio.
Não podia sentir-me melhor.

Antes de adormecer e com os sentidos e o coração muito aberto, penso em como um estranho e súbito impulso me fez querer sair rapidamente de Bariloche e vir para aqui sozinha.
A Clarissa Pinkola Estés diria que Laquésabe está comigo. Ou eu com ela. E juntas corremos. Com os lobos.




2 comentários:

Meres disse...

que engraçado, e eu que acabei de ler esse texto do impulso!!
beijos e beijos e estou a adorar este blog, dás-nos imagens com a tua escrita e é tão bom encontrar as pessoas e falarmos das tuas fotos e os teus textos!!

Unknown disse...

Minha linda,

Que bom partilhares as tuas aventuras connosco... pensava que este lugar que descreves só existia nos meus sonhos... Sinto que renasces em cada palavra, em cada olhar... é tão bom renascer contigo.
SAUDADES