Foto da Ruka - coordenação das Organizaçoes Mapuches em Néuquen
Eu e os meus companheiros de viagem: Pol, Joana (esq.) e Liliana (dta)
A Liliana recomenda-me paciência. Aliás tudo no Terminal de Autobus de Néuquen me pede paciência. Parece impossível sair daqui. Compramos os bilhetes para um colectivo que iria para o centro e que supostamente sairia dentro de 5 minutos. Passado 30 minutos voltamos ao lugar do crime, ou seja, onde tínhamos comprado los mal-paridos boletos.
Observamos incrédulos a conversa telefónica entre ele e o motorista:
- "Pero como es que no tienes nafta (gasolina) ? Hay aqui gente esperando, venite!"
Parece que o motorista não está para aí virado. Devolvem-nos o dinheiro e nova investida, desta vez para a fila de táxis. Alguém diz que o colectivo de Koko está a sair para o centro. Agitação, corrida para a fila dos bilhetes.
Depois de estarmos 1h30 à espera de algum meio de transporte que nos faça sair deste sitio, a disposição e a paciência já não é muita. A Joana grita com o senhor da segurança,que volta e meia nos diz ora para sair ora para entrar; eu tenho uma crise de riso que me leva ás lágrimas, o Pol está desesperado e a Liliana apática.
Néuquen como cidade não tem nada de especial. O guia Lonely Planet diz que a cidade serve apenas de ponte para a Patagónia. Ainda assim tivemos a sorte de apanhar as festas da cidade, com vários concertos e espectáculos por toda a avenida principal.
O momento mais interessante da passagem por esta cidade consitiria na visita a uma fábrica.
A FaSinPa - Fábrica sin patrón.
Talvez não seja a visita mais óbvia quando se está na Patagónia, mas a verdade é que é uma fábrica com muita história. Chamam-lha a Fábrica dos Trabalhadores, ou Zanon ou FasinPa.
Fundada em 1980 pelo empresário Zanon ( um dos 100 empresários mais ricos da Argentina) esta fábrica de cerâmica foi ocupada pelos trabalhores,quando Zanon em 2000 (um ano antes da crise argentina) resolve fechar a fábrica, justificando falência.
Hoje em dia constitui um modelo de gestão dos operários e funciona como cooperativa. No entanto foram (e são) muitas as dificuldades e confrontos que tiveram que passar.
Visitamos a fábrica e ouvimos a sua história na primeira pessoa: Hugo é um dos trabalhores que está na fábrica desde a ocupação e contam-nos das dificuldade nos primeiros tempos: a fome, a ausência de dinheiro para comprar matérias-prima, de falta de conhecimentos de gestão (principalmente de uma fábrica enorme como Zanon..). Conta-nos como a população e os presos de uma prisão atrás da fábrica lhes deram alimentos para que sobrvivessem, contam-nos os conflitos com na polícia.
Dos 230 trabalhadores que tinha a fábrica em 2001, hoje têm 470. Pablo tinha sido despedido em 1999 por Zanon e conta-nos que em 2003 recebe uma chamada da fábrica, que já funcionava sem patroes e com sistema de cooperativa, perguntam-lhe se quer voltar a trabalhar na fábrica.
Aceita, diz sorrindo. "Hasta hoy!"
Despedimos-nos de Néuquen. Vamos um pouco mais para sul: San Martin de los Andes.
Qualquer semelhança deste autocarro com o anterior é pura coincidência: sujo, desconfortável, sem comidinha nenhuma (nem sequer um copo de água...), o ar condicionado completamente descontrolado que saía de um quadrado mesmo por cima da minha cabeça e até cheiro a urina tinha.
San Martin de los Andes parece a Suiça. casinhas de madeira, lojas de chocolate, tudo muito lindo, muito limpinho...
Ao som de "Eu sei que eu vou te amar" conduzo o Clio que acábamos de alugar.
A banda sonora, cortesia da frequência FM, Lisboa-Patagónia."Sta lapido na bô". Nem longe, nem distância.
Cá fora a paisagem é uma massagem para os olhos, como diz o Pol.
E cá vamos nós, fazer La Ruta de los Siete Lagos!!
3 comentários:
ai linda ailinda! Estou aqui a morrer à espera de uma aventura assim!! Muitos beijos e ao ver as fotos já estou a ficar cheia de saudades!!! Muitos beijos!!!
VACA DO CRL!!! DIZ QUE NA ARGENTINA AS VACAS SAO BOAS...ÉS CAPAZ DE TE SAFAR!!! BJS JOLINHAS, ZEQUINHA E SEVERO (in Maria's house)
ps: o zeca quer da alcatra!
Que mala onda,viste che!!!!
Mesmo que seja a inveja a falar, dispensa-se as bocas foleiras neste paraiso sem bifana,só com empanadas e dulce de leche!
sao os votos da vossa
patanisca patagónica
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