sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

À descoberta da Comarca Andina



Para ir para o Lago Puelo que está a 20 kms de El Bolsón, passa-se pelo Paralelo 42, onde acaba a província de Rio Negro e onde começa a de Chubut.

Do lago Puelo avista-se, e não muito longe, algo que já nos extremamente familiar: um glaciar. Ainda assim é incrivel e impressionante como pode ser que o calor imenso que se vive no lago possa conviver com os glaciares....

Já no dia seguinte a excursão ao Cajón Azul foi mais custosa: muita poeira, muito sol, muita subida. O protector solar e o pó formam no corpo uma capa pegajosa e melosa que faz com que a pele tenha difildade em respirar ( e eu própria!!).
Convenhamos que este grupio excursionistia tem muita boa onda mas é completamente destrambelhado e não teve em conta que o passeio coincidia com a hora de maior calor.

Depois de 15 kilometros neste registo e de subida íngreme pura e dura, paramos no rio.
Ahhhh.....aqui sim está-se bem!!!
Bem, na verdade a água está um gelo, o que já seria de imaginar uma vez que estamos a 7 kms de um glaciar. Ainda assim com o calor que está, a banhoca é imprencindível.
Passamos por uma ponte movediça, que tem mais de movediça do que de ponte, e enquanto atravesso cautelosamente a ponte à qual lhe falta já vários pedaços de madeira, penso nos filmes do Indiana Jones. E lembro-me que quando atravessavam uma ponte precária deste género, era certo e sabido que se partiria algum bocado de madeira, ficando a Indiana girl suspensa e em perigo! Como não me parece que haja aqui nenhum Dr. Jones para salvar a patanisca, mais vale ter muito cuidadinho....






Cansados e arrasados fizemos o caminho de volta. Para além disso, eu levava também na perna (mais exactamente na virilha) um recuerdo de uma vespa!

Apesar de ser um pueblito, El Bolsón tem muita e variada oferta.
A primeira experiência seria fazer um Banho de Gong, uma experiência esotérico-espiritual. O Banho de Gong é ua espécie de viagem sonora que faz com que o corpo e a mente atinjam um estado muito parecido de quando dormimos, e que nos leva à inconsciência e ao relaxamento total e absoluto.

A Feria dos Artesanos realiza-se 3 vezes por semana e é uma das maiores e mais importantes feiras da região.
Depois da visita pela Feria, pic-nic-amos no jardim, onde uma personagem saída não sei muito bem de que filme aparece-nos em forma de show. Frekeast show, mais exactamente.

A personagem teria cerca de 40 anos (pode ser menos.... mas nota-se que estranhas substâncias ingeridas em grande quantidade lhe tolheram um pouco as ideias). E começa, anunciando solenemente o nome da companhia:

- Circo-teatro-movie apresenta: El grande show de El Bolsón!
Oh my God, it's the end of the world!!! - evoca. E vários pinos seguidos.

(Tentar explicar como é a pronúncia deste ser a falar inglês é tem o mesmo grau de complexidade do que tentar traduzir a palavra "saudade" a qualquer estrangeiro.)

Avisa-nos logo que este é um dos melhores shows de El Bólson;
- El mío y el del francés -acrescenta.

À continuação anuncia:

- Ahora me voy a liberar en un movimeiento anti-global. Number 2: now I'm going to turn around like the crazy world !

E começa a mexer a barriga de uma forma frenética e de tal forma impressionante que parece que a barriga vai sair do corpo.

- Dio Santo... que schifo! - exclama o Pepe.

Ele é a personagem de El Bolsón.
De facto um dos melhores espectáculos que vi foi em El Bolsón mas obviamente não foi este. "Parece ser que me fue", um solo de clown concebido e interpretedo por Marina Ballestero.
Aquele tipo de espectáculo que gostaríamos de ter sido nós a fazê-lo. Lindo, poético, profundo.

- No lo puedo creer!!! El mundo es un pañuelo!"

(na língua de Camoes significaria que o "mundo é uma ervilha",ou seja é muito pequeno!)

Digo isto porque acabo de encontrar aqui em El Bolson, o Dario, um amigo argentino que conheci em Paris. Depois disso voltamos-nos a encontrar perto de Aurillac, num curso de clown e há três anos que não nos viámos. Abraço. Conta-me que está aqui porque amanhã vai fazer espectáculo, que a propósito decorre dentro da programação do Festival de Clown! Prometo-lhe que irei vê-lo.

Chamem-lhe coincidências...



A herança hippie no centro da comarca Andina faz-se sentir em pequenas coisas: minis-festas transe em bosques escondidos, beber cerveja artesanal, experimentar banhos de Gong e outras coisas que tal, casas que em vez de se chamarem Vivienda Hernandéz se chamam Navol Paoli.
Aqui onde o parque de automovéis é muito parecido com uma sucata... carros sem capot, sem mala de trás, sem nada... mas andam!!!Aqui onde se vive com calma e com buen rollo.

Hoje grande festa na casa dos viajeros. Organiza-se paella de verduras, tortilla de patatas, guacamole, pan tomaquét.



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