terça-feira, 1 de abril de 2008

Noroeste Andino I


Deixo Mendoza, cidade que é uma espécie de Buenos Aires em miniatura, com os seus cafés e bares e lojas fashion, e finalmente rumo ao norte. Antes, e enquanto dou o último passeio algo me desperta muita curiosidade e interesse..






Pode parecer uma repetição ou um lugar comum (principalmente neste blog), mas por incrível que pareça, o que vejo lá fora é completamente diferente do até agora visto.

Árvores que parecem choroes e arbustos com capachinhos verdes e abundantes que criam um aspecto curioso e divertido. Olho os montes e montanhas. Não são verdadeiros... não podem... são uma surreal composição de um artista visionário e louco, forradas com alcatifas verdes. Nessa artística e grandiosa obra de arte, passeam nuvens como se nunca tivessem pertencido ao céu, mas sim às montanhas.

Estamos no norte da Argentina, na província de Salta.
Lá fora, a Selva.
Não mudamos apenas de província, aqui tudo é diferente: as feiçoes das pessoas, a indumentária, a vegetação,os cheiros, os sabores. Mudamos de província, de região, de país, de continento. Estamos noutro mundo.








O micro sobe por ladeiras estreitas, cruza as nuvens e eu.... não é que esteja apenas nas nuvens... ... é que por terra, nunca estive tão perto do céu..!
De um lado selva e do outro deserto.
De Mendoza a Cafayate são 18 horas de viagem. (exactamente o dobro que de Bragança a Lisboa...!!Xutos Olé! eheh!!).


Cafayate é um pueblito sitiado por enormes montanhas. Aqui está a Quebrada de Cafayate, considerada também Património da Humanidade.
Agora a sério.. é demais!! Não se pode! Andamos uns passitos ou damos um pontapé numa pedra e zás... temos carradas de Patrimónios da Humanidade!!

Da
Quebrada o que mais me impressionou foi um conjunto de montanhas que se chama La Yeseria. Enquanto passeamos pelos trilhos da Yeseria, o único pensamento que existe na minha mente é de profunda incredulidade: "Mas o que é isto?"

I
magine-se o que seria uma tela gigante com relevos. Imagine-se agora que essa tela tem 100 metros de altura por 200 de largura. Imagine-se que existem 4 cores que se distinguem de forma perfeita e fulminante. Tonalidades de castanho e vermelho, amarelo, verde e branco.
Não há explicação.

Bem, na verdade há. A explicação científica está relacionada é a oxidação de quatro minérios e que transformam o que poderia ser uma simples montanha numa divina obra-de-arte.

A máquina fotografica está muito parecida comigo.. diz "low battery".
São já muitos dias, muitos kilométros, muitas viagens de autocarro, muitos
hosteles, muitas pessoas, muita informação, muita beleza...
Os olhos estão exaustos e o corpo acompanha.

Não posso acreditar...!!! A beleza deste país, os seus contrastes, paisagens, criam-me stress.... o stress da beleza, o stress de buscar forma de traduzir e comunicar tudo aquilo que eu desconhecia existir e com que me delicio constante e exageradamente!


Aqui os meus companheiros de viagem, são argentinos, mais exactamente argentinas e porteñas (de Buenos Aires, portanto). O Sul e os seus preços europeus (e por isso proibitivos para os argentinos), faz com que muitos tenham muita dificuldade em conhecer o seu país, a sua Patagónia.
Encontro a Betina, a Mónica, a Eugenia e a Carolina assim que entro no Hostel Ruta 40. Os donos não estavam, descobrimos mais tarde que tinham abandonado o
Hostel para ir comprar cerveja (este é o verdadeiro espírito descontraído do norte!) e foram elas que me receberam e acolheram.

E a certa altura, enquanto bebiámos cervejas no pátio do hostel, alguém disse:

-
Vamos à los Medanos? Está luna llena y estará re-bonito!!!

E fomos.

Os Medanos constituem um fenómeno inexplicável.
No meio de um enorme e pantanoso bosque vejo surgir diante dos meus pobres olhos, já tão sensíveis às demolidoras paisagens argentinas, algo que consigo reconhecer mas como se estivesse fora de sítio. O sentimento de incredulidade é total e absoluto: os Medanos são umas enormes dunas! Mas quando digo enormes, digo nunca antes vistas! E no meio de um bosque!!!
Inexplicável era também a quantidade de insectos e mosquitos que viram com muito bons olhos a chegada de um banquete humano!

E cheias de picadas de insectos, de lama até aos joelhos, areia e água.. regressámos ao Hostel!


2 comentários:

Unknown disse...

Go, go Cláu! Que viagem do caraças! Estás-me a aguçar a curiosidade. Incrível tb a facilidade com que crias essas amizades de momento. O que, imagino, traz uma riqueza muito maior à tua viagem. Quero mais! Quero ir! Beijooooo B

lili disse...

Anda Berninha!!!Estou cá à tua espera!
Esta terra já merecia uma reportagem.. que tal??
No te animas,xurry??